domingo, 15 de junho de 2008

“Sol Negro: cultos arianos; nazismo esotérico e políticas de identidade” – Conclusão: p. 397 a 401 – Nicholas Goodrick-Clarke - Fichamento 7

Raça é o imã dos cultos arianos e do nazismo esotérico, o princípio guia de sua visão de mundo histórica e política. Apesar de a opinião liberal nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha se opor fortemente ao racismo, diversos fatores na política ocidental agiram para reintroduzir a raça como uma categoria legítima de identificação grupal.
Cultos arianos e o nazismo esotérico afirmam poderosas mitologias para negar o declínio do poder branco no mundo. O pessimismo cultural de Julius Evola, de Savitri Devi e de Miguel Serrano expressa o temor da queda dos brancos (arianos) em uma era degenerada, dominada por inferiores raciais e sociais. Da mesma forma, Francis Parker Yockey articula uma filosofia mítica da história, na qual as raças européias estão temporariamente incapacitadas pelas influências judaicas e estrangeiras e impedidas de cumprir seu destino em um poderoso novo Império mundial. Já Wilhem Landig elabora uma mitologia neovölkisch das origens arianas na setentrional Thule, para profetizar a recuperação e ressurreição da Alemanha nazista. Os mitos de óvnis nazistas e do Sol Negro desempenham uma função similar, embora rústica, para neonazistas alemães que lamentam a derrota na Segunda Guerra Mundial e o triunfo do liberalismo na ordem internacional.
Comentadores notaram a ascensão de um novo nacionalismo como uma cultura de resistência às recentes forças de globalização e de imigração. Assim, é altamente significativo que o culto ariano da identidade branca é mais marcado nos Estados Unidos, onde os desafios do multiculturalismo e da imigração vinda do Terceiro Mundo têm sido maiores.
A primazia dos direitos humanos internacionais sobre noções de soberania nacional também levou a uma erosão progressiva da cidadania, pela qual estrangeiros clandestinos recebem benefícios do bem-estar social, da educação, de subsídios do governo e até mesmo o direito de voto.
A conversão dos Estados Unidos em uma “colônia do mundo” ou uma “nação universal” não tem precedentes no mundo moderno. Forças similares estão agindo na Europa, em especial na Grã-Bretanha, onde o multiculturalismo é promovido por agendas políticas liberais de esquerda, na busca de apoio eleitoral das cada vez mais numerosas minorias étnicas.
Entretanto, o surgimento das gangues racistas de skinheads, a música white power e a transformação do racismo neonazista em novas religiões populares de identidade branca espelham claramente os crescentes níveis de imigração para países ocidentais e as conseqüentes pressões na direção do multiculturalismo.
Os desafios do multirracionalismo nos Estados ocidentais liberais são ainda maiores, e é evidente que a ação afirmativa e o multiculturalismo estão levando a uma hostilidade ainda mais difusa contra o liberalismo. Goodrick-Clarke faz uma estimativa de que num futuro potencialmente autoritário em 2020 ou 2030, esses cultos arianos e o nazismo esotérico podem ser documentados como sintomas iniciais de grandes mudanças desestabilizadoras nas democracias ocidentais da atualidade.

Bibliografia:

GOODRICK-CLARKE, Nicholas. Sol negro: cultos arianos, nazismo esotérico e políticas de identidade. São Paulo: Madras, 2004. Conclusão: p. 397 a 401

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